PATRIMÓNIO DOS POBRES
Pela Graça de Deus assisti, atento, a uma grande reportagem feita sobre a habitação dos pobres nas grandes cidades, Lisboa e Porto, num dos canais da televisão portuguesa.
Naturalmente aliviei um pouco sentindo que o meu grito tantas vezes repetido, pela falta de casas para os pobres estava a subir de tom.
Verdadeiramente, um noticiário alargado com imagens à vista de tanta gente, poderá incomodar mais os responsáveis os quais convencidos de cumprir a lei não se têm incomodado com os meus brados de alerta, queixumes de injustiça e apelos bem fundamentados ao bem comum, pois o mal dos pobres é uma desumanidade para todos os portugueses. Ninguém se alegra com um débito tão alto para famílias pobres. Incomoda toda a gente, só gozam com esta carência habitacional os donos de muitas casas para arrendar.
Não estou bem por dentro do problema, mas fiquei muito triste ao ver poderosas máquinas deitar a baixo construções chamadas clandestinas e as donas a chorarem de impotência perante a autoridade corporizada pelos agentes.
O que deduzi perante o degradante espectáculo foi que as pessoas construtoras das suas casinhas tinham sido avisadas a tempo, acerca da intenção desta derrocada para que arranjassem outro local onde morar. Ninguém lhes perguntou se tinham capacidade económica ou não, para se instalarem noutra morada.
As rendas são caríssimas, os ordenados baixos, o rendimento destas famílias nulo.
Como resolver um problema tão complicado?
Não seria melhor estudar-se conscientemente a situação, caso a caso, construírem-se alguns prédios, alojarem-se as famílias, depois ir deitando abaixo as casas das respectivas pessoas? Era capaz de ficar mais caro, mas seria muito mais humano.
Assim parece que estamos num Estado ditatorial e não numa democracia onde o Fundamento Constitucional diz que o Estado deve prover uma casa para cada família portuguesa e consequentemente não destruir uma morada sem que haja outra para habitar.
Pessoas bem instaladas imaginam que toda a gente vive como elas e então, se tiverem poder sobre os pobres exercem-no, de qualquer maneira, contanto que hajam objectivos sociais.
Era bom que a grande reportagem descesse abaixo do Tejo e viesse pôr no ecrã os bairros de lata que ainda persistem e continuam a aumentar na banda Sul.
Muita gente africana agarrada aos trabalhos mais humildes e pesados vive com seus filhos e filhas numa única divisão coberta de chapa de zinco e levantadas com tijolo de 7 cm de largura como nas favelas africanas ou brasileiras.
É a situação do pobre! Sempre o último e de quem se faz como mais convém aos poderosos.
No meio daquela barafunda toda, quem aparece a defender os que choravam e gemiam no meio de protestos e lágrimas? Quem? - Um Pastor protestante a quem eu ouvi chamar irmão. É o irmão 'fulano'.
Dizia a reportagem que na grande Lisboa há um défice de quarenta e três mil habitações e que uma boa parte dos prédios nas zonas mais nobres da cidade pertence a estrangeiros.
Jesus, no seu tempo, fez-se pobre. Ele que é o dono, o criador e o Senhor do Universo, recomendou aos seus discípulos que o imitassem, garantindo que o Reino de Deus é dos pobres.
Foi esta a Doutrina que o levou ao Calvário!
Padre Acílio