PATRIMÓNIO DOS POBRES
A mensagem do Papa Francisco para o sexto dia Mundial dos Pobres, a celebrar no próximo 13 de Novembro de 2022 está aí, para toda a Cristandade.
Os amigos do Património gostarão de saber como o Papa actual, encara os pobres e a Pobreza como virtude. Ao ler o Papa e reler o Padre Américo sinto o mesmo pensar e o mesmo Espírito.
Depois de lançar atentamente os olhos sobre a guerra na Ucrânia como fonte de tantos males e pobreza e chorar com os que gemem mais de perto as suas consequências, o Papa fixa o seu testemunho no do Apóstolo São Paulo: "Manter o olhar fixo em Jesus que, sendo rico se fez pobre por nós para nos enriquecer com a sua pobreza. E cito; "Na sua visita a Jerusalém, Paulo ao encontrar-se com Pedro, Tiago e João [...] os quais lhe haviam pedido para não esquecer os pobres de Jerusalém. De facto esta comunidade debatia-se com sérias dificuldades devido à carestia que assolara o país."
Paulo fez suas estas aflições, tomou a peito o pedido dos três grandes Apóstolos e, em Coríntio promoveu uma abundante Colecta, em vários domingos à custa do sacrifício generoso dos cristãos daquela região.
A seguir alude a São Justino no Séc. II relatando a celebração dominical: reúnem-se no mesmo lugar os habitantes, quer das cidades quer dos campos [...] e a cada um dos presentes se distribui e faz participar dos Dons sobre os quais foi pronunciada a bênção. Os que possuem bens em abundância dão livremente os que lhes parece bem e o que se recolhe põe-se à disposição daquele que preside. Este socorre os órfãos e as viúvas, os que se encontram em necessidade [...] ele toma sobre si o encargo de todos os necessitados.
Pai Américo repisa o mesmo pensamento e encargo, tão longe nos dias de hoje: cada freguesia tome conta dos seus pobres.
A história da Igreja está cheia de altos e baixos, mas o Papa Francisco ao pressentir que a guerra vai durar para todos os homens que socorrem as vítimas da mesma, a persistência na ajuda define a solidariedade da caridade. Assim: - como membros da sociedade civil mantenhamos vivo o apelo aos valores da liberdade, responsabilidade, fraternidade e solidariedade e, como cristãos encontremos sempre na Caridade, na Fé e na Esperança, o fundamento do nosso ser e da nossa actividade.
Voltando ao próprio Paulo cita a sua carta aos Coríntios desta forma: não força os cristãos a nada, o que ele pretende é por à prova a sinceridade do amor por Jesus que se fez pobre.
A opção de Cristo, diz o Papa, é uma Graça! Só a acolhendo é que podemos dar a expressão concreta e coerente da nossa Fé. E o Apóstolo Tiago repete a mesma ideia por outras palavras: a Fé sem obras é morta.
Para Sua Santidade: "No caso dos pobres não servem retóricas, mas arregaçar as mangas e pôr em prática a Fé[...] às vezes, porém, pode surgir uma forma de relaxamento que leva a assumir comportamentos incorrectos como no caso da indiferença em relação aos pobres. Além disso acontece que alguns cristãos devido a um apego excessivo ao dinheiro fiquem no pântano do mau uso dos bens do património. São situações que manifestam uma Fé frágil e uma Esperança fraca e míope. O dinheiro faz parte da vida das pessoas e das relações sociais, mas não se pode tornar um absoluto,impedindo de reconhecer as necessidades dos outros. Não é o activismo que Salva, mas a atenção sincera e generosa que me permite aproximar de um pobre como de um irmão. Ninguém deveria dizer que se encontra longe dos pobres porque as suas opções de vida implicam prestar atenção a outras incumbências. Esta é uma desculpa frequente nos ambientes académicos, empresariais ou profissionais e até mesmo eclesiais. Ninguém se pode sentir exonerado da preocupação pela Justiça Social. Estamos diante de um paradoxo que hoje como no passado é difícil de aceitar, porque embate na lógica humana."
Há uma pobreza que nos torna ricos como escreveu tantas vezes o Padre Américo e a nossa experiência ao longo de muitas décadas confirma esta afirmação paradoxal.
A nossa pobreza é a nossa riqueza!...
O Senhor deixou escrito e pregou muitas vezes: - não acumuleis tesouros na Terra, mas antes um amor recíproco que nos faz carregar os fardos uns dos outros para que ninguém seja abandonado ou excluído.
E ainda, reflectindo sobre a mensagem de Jesus, o Papa Francisco escreve: Jesus mostra-nos o caminho, faz-nos descobrir a existência de uma pobreza que humilha e outra pobreza que é a D'Ele que nos liberta e nos dá a serenidade.
Não me alongo mais. Voltarei à mensagem no próximo jornal. O que aí vai é mais um respigar escrito do Santo Padre com o qual eu me identifico, não seria capaz de dizer melhor nem com tanta autoridade.
Padre Acílio