PATRIMÓNIO DOS POBRES
O Património tem-se gasto, primeiro com as rendas de casa e ajudas a pobres, para poderem aceder ao empréstimo dos bancos, o qual, como é sabido, pela televisão e outros Mass Media, não está disponível ao financiamento, sem haver uma determinada quantia em dinheiro.
É uma ajuda para as famílias pobres, poderem fugir à extrema pobreza, cada vez mais crescente em Portugal. Segundo, com o apoio dado a estudantes universitários, mais carentes e a pobres para tirarem cursos bem pagos, para melhorarem a sua vida em actividades próprias ou alheias.
Um homem dos seus 40 anos telefonou-me (o meu telefone parece ser dos mais conhecidos no sub mundo português) a pedir ajudas para pagar três prestações de 75,00€ à Segurança Social.
Por este meio não me comprometo com ninguém e então disse-lhe: — Apareça-me frente à igreja do Carmo e lá conversaremos. Mas só lhe posso saldar uma quota.
O homem veio e contou-me a tragédia da sua vida. A trabalhar com uma máquina deu cabo do braço direito, eu vi-o com o dito amarrado ao peito. Não tinha seguro. Não lhe perguntei se a obra era dele ou de outra pessoa, só olhei para o embrulho do respectivo membro.
A mulher e o filho abandonaram-no. Recebia da Segurança Social uma pensão de 240,00€.
Olhei-o bem de alto a baixo e disse-lhe com algum folgo: — O facto de não fazer nada com esse braço não quer dizer que não possa trabalhar. Pois, há tarefas que, o meu amigo poderá executar, como vigilante, telefonista ou mais ainda que eu não conheço.
Encaminhei-o para o Instituto de Emprego e Formação Profissional de Setúbal (IEFP). Apareceu-me depois, muito desanimado porque lhe disseram que se fosse entrar lá, perderia logo a pensão da Segurança Social. E mais, não havia lá nenhuma preparação adaptada ao seu defeito. Só no Barreiro, existiam vários cursos de formação para vigilante, telefonista e mais não sei o quê, e eram pagos.
O homem foi ao Barreiro e trouxe-me, não só o valor dos referidos cursos, como também o preço dos transportes, objectos que não sou capaz de enumerar e até umas botas com biqueira de aço. No total, paguei mais de 2000,00€, incluindo uma quantia para o pobre abrir conta num banco a fim de ter capacidade para receber o seu ordenado, por transferência, porque hoje disse-me: — Todas as empresas pagam deste modo.
Passados dias, por telefone veio informar-me que a mulher lhe havia feito uma dívida quando ainda viviam em comum na quantia de 3000,00€ ou mais. Respondi-lhe que não tinha dinheiro para esse efeito.
Agora veio também com um reparo de um dos formadores: — Olhe que com essa boca ninguém lhe vai dar trabalho, ou arranja os dentes e as respectivas próteses ou os seus cursos não lhe valem.
Espero encontrar uma clínica dentária onde lhe tratem dos dentes, lhe façam as próteses a preço reduzido para o pobre homem se apresentar com alguma dignidade.
Informou-me a seguir que no mercado do trabalho o ofício de vigilante tinha muita procura. — Oh! homem, você é muito mais feliz a trabalhar do que encostado a essa miséria de pensão. Além disso, não só vive do suor do seu rosto, de cabeça levantada, como ainda vai ter uma reforma condigna, podendo refazer a sua vida com uma mulher séria.
Poderia contar amigo leitor, outras envolvências do Património que não se referem à habitação, mas a várias capacidades de desenvolvimento laboral, de muitos pobres, pais e mães de família. Mas fico por aqui!... padre.acilio@gmail.com
Padre Acílio