PATRIMÓNIO DOS POBRES 

Empréstimos

O pedido de empréstimos financeiros para os mais diversos fins, está generalizado, e faz parte da vida do comum das pessoas.

Pode acontecer que, neste contrato, possa estar uma das partes pouco segura das exigências e consequências no caso de incumprimento, por falta de capacidade de entendimento das regras que, também por vezes, fazem variar os valores das prestações.

Apanhadas de surpresa quando se vêem incapazes de cumprir, podem cair em desespero e serem levadas a pôr termo à vida. Assim aconteceu com uma família que acompanhamos há alguns anos, depois que esta realidade se impôs.

Primeiro foi o empréstimo que contraíram para construírem a sua casa e, depois, um outro para a compra de um carro. Aqui é que esteve a causa do infeliz desenlace e da desesperança que se instalou na restante família, já que a dívida se manteve e sobre eles caiu, com menos um importante elemento da família para lutar e procurar ultrapassá-la.

Lutando e trabalhando para conseguirem ir vencendo as mensalidades, contando com a nossa ajuda, não resistiram e os credores acabaram por cair sobre a casa, penhorando-a.

Não poderíamos permitir tal desenlace. Cobrimos o valor da execução e asseguramos a posse da casa para os restantes membros da família.

Pouco vale a vida humana para quem, cegamente, trata de resolver situações de dívidas financeiras. Numa verdadeira relação humana, não deveria antes compadecer-se, e não tirar a capa àquele que mais nada possui para se agasalhar?

Nisto de empréstimos financeiros, o rigor deveria colocar-se antes da assinatura dos empréstimos e não quando as obrigações acordadas não se cumprem. Seria mais importante verificar se as regras foram suficientemente esclarecidas e entendidas, e se há garantia de as cumprirem.

Talvez esta família que ficou destroçada, embora sem ter o carro que sonharam, estivesse ainda viva e unida.

Logo a seu lado, vive outro familiar em condições muito pobres. Vivendo de uma parca pensão, resolveu pedir um pequeno empréstimo. Embora pequeno, acabou em situação de o não poder cumprir. Só depois de se ver aflita é que nos falou do problema, que ajudamos a resolver.

São várias as situações difíceis que vamos encontrando originadas na contração de empréstimos financeiros. A bem dos pobres, só deveriam ser concedidos com todo o rigor.

Padre Júlio