PATRIMÓNIO DOS POBRES

Ainda me sinto envolvido pela transcendência do ambiente, criado pelo Papa Francisco, na sua visita ao Santuário de Fátima. A sua Pessoa, seus gestos, as suas preferências e a sua palavra trazia-nos a figura ímpar de Jesus Cristo.

Eu só ouvi a exortação dirigida aos doentes, antes de lhes dar a bênção, com o Senhor Vivo, na Eucaristia.

Em poucos parágrafos contagiou os doentes com a teologia do sofrimento humano e o seu valor garantido pela Fé em Jesus Crucificado. Senti o conforto e o consolo de alguém que não fala de cor, não puxa pela razão mas pelos sentimentos vividos e comungados, para animar os doentes, lhes abrir perspectivas novas e sempre actuais e lhes semear a Esperança no coração. Na simplicidade transparente o Papa Francisco manifestou-se como cópia de Jesus que faz d'Ele a sua Força!

Que bom modelo para toda a Igreja e especialmente para os que, como Ele têm a missão de anunciar o Reino Novo que Jesus nos trouxe. Modelo para padres, espelho para bispos, exemplo para religiosos e eleitos e molde para todo o homem de boa vontade. O homem vestido de branco deixa-nos a imagem sonhada, de uma Igreja a reluzir de brancura.

Contava ver pela TV com os rapazes, a transmissão do que iria acontecer no Santuário mas, um deles adoeceu, fui para o hospital tive de o acompanhar durante longas horas ouvindo somente pela rádio uma ou outra passagem.

É uma figura que arrebata e transmite o sobrenatural.

A propósito tenho à mão a carta de um padre do Norte do País, a pedir ajuda para uma família da sua paróquia.

Como fico feliz quando um pároco assume os seus pobres e não podendo fazê-lo sozinho, solicita ajuda ao Património. Infelizmente é uma excepção. Mas vamos à carta: «Vimos por este meio solicitar ajuda à vossa instituição para uma família necessitada a quem já apoiamos todos os meses com alimentos e despesas de saúde. Composta por três pessoas, mãe e dois filhos, todos com doença crónica. Com apenas 283 euros por mês e uma despesa mensal fixa em medicamentos, junto enviamos comprovativos, que por vezes não são comprados e meses em que surgem medicamentos mais dispendiosos. Como é o caso deste mês em que a filha tem de tomar duas vacinas, uma que custa 200 euros e outra 35 (esta que é mensal).

Sabemos que é dever da paróquia ajudar os seus paroquianos mais necessitados, no entanto em virtude de haver muitas carências na paróquia estamos com dificuldades em prestar este auxílio. Por isso estamos a pedir esta especial ajuda pois, para fazer face a esta despesa a mãe pediu um empréstimo. O Pároco, padre tal.»

Minha resposta: «Senhor padre. Muito me consola o seu interesse pelos pobres.

Sabe que a única fonte de riqueza que nós temos é a nossa pobreza? Porque somos pobres, o povo de Deus acredita em nós, e colabora.

Faça assim e verá que não lhe faltarão recursos para acudir aos seus pobres.

Entretanto envio-lhe 500 euros para essa sofredora família.»

Ora eis! Diria Pai Américo. Se assim fizessem todos os párocos, os pobres passariam melhor e o Amor de Deus tornar-se-ia mais sensível aos olhos de todos os homens, como tanto insiste Francisco.

Padre Acílio