PELA CASA DO GAIATO DE SETÚBAL
"A nossa Obra não é para estranhos. Se agora temos alguma gente de fora, é por necessidade..."
(Padre Américo, in Porta Aberta).
Pela experiência que se vai vivendo na Obra e as exigências que são colocadas dia a dia, com a evolução social e a multidiversidade de ambientes originários dos nossos actuais rapazes, mais a transformação do ensino e seus requisitos, particularmente ao nível das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), com a permanente comunicação nas plataformas educacionais na Internet, não havendo "gente de nós" formada para fazer face a tais desafios, não estaremos a ser "infiéis" ao legado do nosso Pai Américo? Já no seu tempo, conforme as necessidades se impunham, ele mesmo abria porta às excepções necessárias para colmatar as lacunas que se verificavam. Mesmo ao nível de técnicos superiores, aquando do início do Calvário, ele tem uma expressão que demonstra claramente esta perspectiva: «Na hora de receber os primeiros, nessa mesma vem também o "especialista"... Técnicos da Caridade" (Padre Américo, in Notas da Quinzena, p.368).
E a nossa missão, claramente árdua, será sempre preservar toda a nossa "cultura institucional", não cedendo ao facilitismo, à tecnocracia que muitas vezes se verifica em tantas situações, por uma aplicação directa daquilo que "popularmente" se designa de "chapa 5". Daí a necessidade, tal como permitem os Estatutos das Fundações canonicamente erectas, e tal como, no nosso caso, vem plasmado no Artigo 39.º (Perfil dos agentes e trabalhadores da Obra): "1 - A Obra deve escolher os próprios agentes e trabalhadores de entre as pessoas que partilhem, ou pelo menos respeitem, a identidade católica e o carisma da instituição. 2 - Para garantir o testemunho evangélico no serviço da caridade, quantos operam nas Casas, Lares e Serviços da Obra, a par da devida competência profissional, dêem exemplo de vida cristã e testemunhem a formação do coração que ateste uma fé em acção na caridade. 3 - Com esta finalidade, a Obra providenciará aos seus agentes/trabalhadores, a par da sua valorização técnica, também a necessária formação espiritual, teológica e pastoral".
Assim, julgamos que preservando o respeito e fidelidade à originalidade do nosso fundador, ainda que realizando o inevitável aggiornamento, ou seja, a imprescindível actualização de linguagem e procedimentos impostos claramente pela envolvência sociocultural e educativa dos tempos hodiernos, seremos capazes de responder a toda e qualquer "imposição" a que sejamos obrigados para responder àquilo que se diz hoje: o superior interesse da criança/jovem que temos ao nosso encargo, como verdadeiros filhos das nossas Casas do Gaiato.
Não posso deixar de partilhar com os nossos queridos leitores, e espero que não esteja a cometer qualquer inconfidência, mas depois de algum "sofrimento" originado por pretensões degenerativas em fazer crítica simples e infundada, pela "escuta" aos nossos Gaiatos, de forma rigorosa e tecnicamente avaliada, segundo as normas para este tipo de intervenção, tivemos uns resultados preliminares muito satisfatórios. Intervenção que passa pela atenção e cuidados básicos com a saúde, sem descurar especialidades consoante cada caso, pelo acompanhamento ao nível da formação académica, pelos cuidados com a nossa alimentação, que podemos afirmar de qualidade e com a abundância própria para as idades de jovens do sexo masculino, pelo ir ao encontro das suas preferências na prática de actividades desportivas e culturais. De notar a importância que se dá à participação activa dos nossos rapazes, com a realização habitual de "Assembleias da Comunidade", bem como, todos os domingos, com a reunião dos "chefes". A participação empenhada na formação espiritual e religiosa, onde as crianças e jovens fazem a formação catequética e têm uma acção primordial na orientação litúrgica da eucaristia dominical: acólitos, leitores e animadores dos próprios cânticos da missa.
Numa palavra, podemos concluir que eles se sentem felizes, vivendo uma relação de irmãos nesta família do Gaiato de Setúbal, que têm como a sua própria Casa!...
Padre Fernando