
POBRES
Já a conhecemos há vários anos. Os dois filhos, então pequenos, são agora adolescentes, a quem se juntou um outro bastante mais novo.
Como acontece muitas vezes, as famílias pobres mudam frequentemente de residência, ao que não é alheia a incapacidade de pagarem a renda mensal e o acumular de rendas em dívida. Assim aconteceu com esta mãe. Ao visitá-la, porque voltara a pedir ajuda, fiquei surpreendido com a "casa" onde vivem, mais um avô das crianças. E também me surpreendeu há quanto tempo lá habitam e o valor da renda que têm de pagar, que ultrapassa os duzentos euros.
Não admira que esta mãe esteja com depressão, um estado que, tristemente, afecta grande número de pessoas. Embora leigo na matéria, questiono-me se não será falta de referências na vida que geram este estado de espírito, mas também a falta de meios materiais para viver. Para esta mãe as razões são evidentes. No meio de boas casas e vivendas, ela e os seus naquela barraca! Sim, de uma barraca se trata, não isolada num baldio mas perto do centro de uma cidade.
Tenho dado voltas ao pensamento para descobrir uma solução. Alugar-lhe uma casa, visto que não a temos para lha dar? Não há casas económicas livres por aqui. As que há estão ocupadas há largos anos. Algumas com uma renda muito baixa. Quem as tem dificilmente as larga.
Pai Américo promoveu a construção de milhares de casas para famílias ou pessoas singulares pobres. A compreensão da realidade tinha em conta os impulsos do coração. Razão e coração em uníssono. Riqueza mais partilhada e pobreza menos sofrida.
Havemos de encontrar uma habitação por aqui perto para esta família, recusando toda a incredulidade que afirma a dificuldade em consegui-lo.
Padre Júlio