SETÚBAL
ROTINA DIÁRIA NA ARRÁBIDA - Como sempre e normal planejamos atempadamente seriam os dias de férias. Para isso fizemos uma reunião com os chefes (irmãos mais velhos) a fim de ouvir as sugestões e apurar as que são viáveis, considerando o bem-estar físico e mental de todos porque férias são óptimas, porém há que se preservar da ociosidade conservando o hábito de ler e escrever em horas próprias.
Levantávamo-nos às 9h da manhã com o compromisso de que às 9:15h nos encontraríamos todos reunidos na capela para a oração matinal como é habitual e de seguida dirigiamo-nos ao refeitório para tomar o pequeno-almoço.
Com as energias recarregadas fazíamos as nossas tarefas, que chamamos "obrigações", falo de lavar a loiça, colocar o refeitório para o almoço, limpar a capela, esplanada, etc. Após o término das obrigações seguíamos para o estudo que começava por volta das 11:30h até a hora do almoço às 13h, preparado por excelentes cozinheiros, o que nos satisfazia imensamente.
À tarde por volta das 15h após os rapazes tirarem uma sesta rezávamos o terço e depois preparávamos o lanche para levar à praia que geralmente começava às 16h até 19h. Quando regressávamos, tomávamos banho, seguíamos para a janta e, para finalizar o dia, muitas vezes, tínhamos um cinema com direito a pipoca e sumo.
ACTIVIDADE NA ARRÁBIDA - Com tanto tempo para desfrutar a casa e as praias da serra, o aborrecimento da monotonia rotineira quase se fez sentir... sim quase! Graças a Deus não conseguiu.
Tivemos vários convites para participar em actividades ao ar livre, nomeadamente coasteering, paddle, snorkeling e para finalizar uma caminhada até ao topo da serra onde vimos de perto a três Cruzes Do Monte Abraão.
Todos os rapazes tiveram o direito de participar em todas as actividades desde que o conseguissem, tivemos um caso em que dois dos nossos «Batatinhas», o Luís e o Leandro não puderam participar por ser demasiado puxada e também apresentar certo perigo para os mais pequenitos, a caminhada para as Cruzes Do Monte Abraão.
Lembro-me como se fosse ontem que um dos nossos mais velhos teve de dar meia-volta e retornar a casa pois o fôlego já se tinha dissipado, primeiro ele e seguido de mais uns tantos que o queriam fazer, porém com um pouco de motivação e algumas breves pausas para o lanche, lá fomos nós até ao topo da serra.
VINDIMA - Como sempre a vindima é realizada pelos Gaiatos desde o mais novito, para que observe e valorize o que Deus coloca em nossas mesas e o que não falha empanturrarem-se de uvas, até o mais velho. Pelo que não fugimos a regra este ano.
Este ano tivemos uma óptima colheita apesar dos ventos quentes que arrastaram poeiras do deserto do Saara o que resultou no aumento da temperatura, e queimando cerca de vinte e cinco por cento das nossas uvas, se isso não tivesse acontecido, teríamos, com certeza, uma produção excelente.
Fizemos duas empreitadas para a apanha da uva, a primeira numa segunda-feira e outra na quarta-feira da semana seguinte. Tivemos de o fazer pois o lagar que recebe as nossas uvas tem dias próprios para levarmos dependendo da qualidade da uva e nós temos duas, as uvas para fazer o saboroso vinho licoroso de Setúbal, o moscatel, mas também temos algumas uvas tintas para vinho de mesa.
Como é natural acordamos mais cedo em ambos os dias, levantámo-nos às 07h e o chefe maioral fez a distribuição em três tarefas diferentes: o primeiro grupo era formado por duas pessoas responsáveis por cortar a uva e colocar nas tinas, o segundo que tinha missão de ajudar a transportar as pequenas tinas ao longo do carreiro, e por fim o grupo responsável, por as carregar e esvaziar dentro das tinas que serviam de transporte para a adega. Colhemos cerca de 5 tinas dessas...
Estando em tempo lectivo, as actividades voltarão à normalização, que esperamos continuar a dar conta delas, neste espaço para partilha da nossa vida cá pela Casa do Gaiato de Setúbal...
Milton Silva