SETÚBAL
Nêsperas - Silagem - Sumo de laranja
Nêsperas
Numa tentativa de tornar as cidades mais humanizadas e ser luz para quem programa os enfeites, as sombras e o jardim da urbe, plantei no nosso Lar - frente ao cemitério velho e junto ao muro do lado de dentro -, uma vedação de nespereiras que se tornaram árvores frondosas, galgaram com a ramagem o muro e a alta vedação metálica, dispondo, assim, os seus frutos ao alcance dos transeuntes.
Era, no meu sonho, exactamente para que os pequenos saciassem a sua sede de aventura, apanhando nêsperas do vizinho. Se a cidade fosse embelezada com árvores de fruto e os jardins enriquecidos com fruteiras, talvez se diluísse entre as populações a ganância do assalto, mas, como só nós pensamos e agimos desta maneira, aparecem os glutões, na frente de todos os que passam, sobem ao muro, trepam a vedação e com baldes e sacos colhem as vistosas nêsperas para comer ou mercar. Até já aconteceu que advertidos, se revoltaram contra nós, nos ameaçaram com palavras torpes e até com violência física.
Deixando dentro do pátio, algumas nespereiras resguardadas e longe da passagem, iremos substituí-las por oliveiras que farão igual tapume sem exercerem o fascínio forte das rosadas nêsperas.
Silagem
É a segunda vez que, nesta época, cortamos o azevém.
A primeira cortadela deu cerca de meio silo de forragem, mas, esta segunda, encheu completamente o segundo silo que leva tanto como o primeiro e ficou cogulado a não poder levar mais.
Dizem os nutricionistas de animais, que esta erva, é muito rica em proteínas e muito boa para aguentar vacas leiteiras, sem diminuir a sua capacidade, mesmo dando abundante leite.
Há dois anos fazemos a ceifa com máquinas alugadas, por serem mais rápidas que a nossa, mais eficazes e nos pouparem esforço com a particularidade de a silagem ganhar qualidade pela pressa com que é feita. São dois dias de extraordinária azáfama mas acabando, é um descanso.
Foi providencial termos instalado a rega, pois sendo este Abril quente e seco, nosso azevém sempre com fartura de água fez-se em mês e meio.
Esperamos voltar a cortá-lo antes da lavra para semear o milho, em meados de Junho.
O nosso terreno é fértil e a sua produtividade é mantida com a abundância de estrume que, nos intervalos das sementeiras, nele derramamos e com o estímulo com que vamos ao encontro de alguma necessidade das plantas.
O adubo é-nos dado anualmente pela Sopac, ramo industrial da Sapec. Maravilhosa ajuda que aproveitamos quanto possível e nos mantém o coração agradecido.
Sumo de laranja
O nosso pomar carregou-se de laranjas de tal maneira que os frutos não atingiram, em boa parte, tamanho razoável para serem vendidos. Os rapazes têm apanhado as que caem no chão para fazer o sumo, numa máquina que até transmite ao precioso suco um agradável sabor à casca. Agora começamos a deixar as laranjeiras limpas de fruta, escolhendo as pequenas para o referido sumo e as maiores para a venda, pois as árvores estão de novo a cobrirem-se de laranjas.
O sumo é conservado na congelação, em garrafões de cinco litros e servido à mesa como bebida deliciosa. Os rapazes têm assim a oportunidade de verem crescer as laranjas, de as comer e saborearem o seu suave e doce sumo.
Padre Acílio