SETÚBAL
Fátima
Integrados na peregrinação diocesana, convocada pelo Bispo de Setúbal, fomos, com milhares de peregrinos da nossa igreja, a Fátima.
Dos nossos rapazes foram os que quiseram, transportados no nosso autocarro que, diariamente, os leva às escolas da cidade, conduzido pelo Hélio, cauteloso motorista.
Para além de participarmos nas celebrações religiosas e alguns, poucos, se tenham confessado, a estadia no Santuário e na Capelinha das Aparições é, já por si, uma grande lição da religiosidade, onde a mensagem de Nossa Senhora de Fátima entra em força dentro de nós, pela fé ali vivida como, também, pelos sentidos.
Milhares de pessoas a rezar ao mesmo tempo, dizendo as mesmas palavras e interiorizando-as em visibilidade clara e olhos fixos na Mãe do Céu, muitas de terço na mão, a andar de joelhos, quer em volta da capela, quer da cruz alta, algumas com crianças ao colo, outras tentando esconder o sofrimento causado nos joelhos, as dores nas pernas, mas de espírito elevado e olhos no chão, traduzem espetacularmente o pedido de nossa Senhora, há cem anos!
Fátima, além da humildade da capelinha das aparições, bela peça arquitetónica, segundo dizem os entendidos, apresenta-nos a grandiosidade da sua basílica, também ela ornada de preciosas obras de arte cuja contemplação faz bem à alma, e a majestosa igreja da Santíssima Trindade onde cabem, sentadas, dez mil pessoas.
Eu que sofri uma certa repulsa por esta construção, arrependo-me agora, ao sentir o benefício de tão amplo e acolhedor edifício, dominado na frente interior pela imagem de um jovem crucificado, tendo à sua retaguarda a representação do Céu e à sua direita, em pedra, a escultura de Nossa Senhora.
A maior parte dos peregrinos eram gente humilde, sacrificada, o que se percebia pela deformação dos corpos, simplicidade do vestuário, bem como pela multidão de merendeiros. Não era gente de restaurantes, mas cada grupo ou família levou, como nós, comida para se alimentar durante o dia da peregrinação. Quando chegamos, após a Missa, as mesas marcadas antes por nós, já estavam ocupadas. Após a nossa chegada, as pessoas acomodaram-se e deixaram duas mesas livres.
A abundância e a disposição das casas de banho, limpinhas, a irreprimível consolidação do calcetamento orlado de verdejantes e frescas sebes de variadas plantas, com muitos bancos de pedra para as pessoas se sentarem, sobretudo onde há sombras de azinheiras, sobreiros e oliveiras. Um ambiente silvestre muito bem cuidado, empresta ao peregrino ou visitante um ar de paz, limpeza e ordem, preparando-nos, assim, para um encontro feliz a Nossa Senhora. Peregrinar para este Santuário é respirar um ar celeste.
Fátima, é Fátima!
Tudo faz bem aos rapazes, os quais, nas escolas e fábricas, vivem rodeados por uma cultura pagã e, quantas vezes até, anti-religiosa.
Para muita gente, a Fé em Fátima, vive-se, sente-se e impõe-se.
O «Monchique», mal chegou ao redor do santuário, comprou uma imagem de Nossa Senhora com uns quarenta centímetros de altura. Embalara-a numa caixinha e pô-la no seu lugar do autocarro. Quando ocupámos os nossos lugares para regressar, vi a imagem e reagi bruscamente: - Oh! homem, temos lá em Casa tantas imagens destas, nunca me pediste uma e vais assim gastar dinheiro!
«Monchique» é uma alma simples, de coração puro e eu mostrei-me um calculista. Aquela imagem era dele. Comprou-a com amor e sacrifício, e agora guarda-a no seu quarto! Foi a melhor forma pessoal de honrar a Mãe do Céu e trazê-la consigo.
Feira da Ladra
Os nossos amigos do Lions Club de Setúbal, repetiram pela trigésima terceira vez a sua feira a favor da Casa do Gaiato. Ali vendem-se roupas, velharias, bibelôs, livros e muitas bugigangas.
Com o seu acordo, levámos para essa feira produtos biológicos da nossa quinta, criados sem adubos nem químicos: brócolos, repolhos, nabos, couve-tronchuda, batata branca e doce, tangeras e espinafres. Aproveitámos, assim, para apregoar os bens que produzimos e comemos na nossa Casa. Também podemos vender a quem nos encomende pelo telefone 265 501 227.
A feira a que os Lions chamam da ladra, é um tempo de convivência, de sacrifício, de amizade e de estima pela Casa do Gaiato.
Culturas do Outono
Têm sido muitos os vitelinhos nascidos nas últimas semanas. Se fosse pôr no Jornal as suas fotos, o quinzenário não as levaria todas.
O Miguel, que trata deles e muge computurizadamente as suas mães, já apertou comigo: - Faça-me mais barraquinhas. Olhe que tenho o corredor cheio e não sei para onde as pôr.
Os pequenos animais, durante os primeiros quinze dias, permanecem no viteleiro para não se constiparem. A seguir, vão para barraquinhas individuais para apanharem sol e ali permanecem durante cerca de dois meses, bebendo o leite das mães, comendo palha e sorvendo água, presos a uma corrente segura, junto do seu abrigo individual.
Como as águas pútridas das fossas dos animais e da estrumeira têm de ser espalhadas nos terrenos, antes das sementeiras, e enterradas no primeiro dia por causa do cheiro desagradável, este é um tempo de grande azáfama, antes das sementeiras do Outono não só porque nos faltará o terreno para o derramamento dos referidos líquidos, mas também porque as fossas têm de ficar vazias.
Vale-nos a cisterna de dez mil litros, que chupa e espalha atrelada ao trator, o espalhador de esterco, que leva cerca de dez toneladas, e a retroescavadora que remove da estrumeira e carrega no espalhador. Assim, tornamos as terras mais férteis e cultivamos uma horta de excelência, com produtos biológicos que também vendemos.
Padre Acílio