SINAIS

Cresceram as paredes das 4 salas de aulas - projecto que as Manos Unidas, de Espanha, nos favoreceu. É já a terceira vez que Manos Unidas vêm em nossa ajuda. Graças. É um benefício que vai favorecer as crianças dos bairros mais pobres. Os braços da cidade cresceram e envolvem já a nossa Aldeia. Avanço de casas. Crianças e crianças que precisam de escola.

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Nolasco, Barrigas, Frederico, Manuel, Fernandinho e mais outros «Batatinhas», vieram ter comigo, depois de fazerem as provas da primeira e da segunda-classes — um acontecimento. Os rebuçados não lhes dizem nada - tem de ser um sambapito. O sambapito fala. Os olhos brilham e num enfoque de dedos retiram o carapuço que envolve; o carinho dos dedos no pegar o pauzinho; a bolinha mergulha na língua e é o êxtase... Os olhos do Nolasco e do Manuel parados num enlevo, enquanto a língua rebola a bolinha. É um encanto!

Veio o Frederico. Fez hoje as provas da primeira-classe e passou para a segunda. Mandei-o tirar um sambapito e dei-lhe a revista Audácia com o calendário escolar. Sentou-se a folheá-la. Que virá a ser este menino? Para já tem um personalidade que cativa.

Entrou o Ernesto, 10 anos e já na quarta-classe. Um beijo e outro sambapito.

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O Sabumba não podia faltar, veio com o Comboio e o Ernesto entregar-me uma carta com um texto docinho: «Padre Telmo, feliz aniversário. Parabéns! O senhor é já um velho de 92 anos, muito simpático.»

Sabumba ainda não conhece a palavra casmurro.

— Olha! ainda não foste outra vez à semente de cana para sugar?

Ele sorriu: — Agora já sei que duma semente saem muitas canas.

— Bem…

Padre Telmo