SINAIS
O senhor Pacheco é voluntário na nossa Aldeia dos Doentes — o Calvário. Vem terças, quartas e quintas-feiras. Depois de ver os seus doentes, leva-me sempre a tomar bom cafezinho. Desta vez, foi ao "Cristo Rei". Na saída, deparamos com um cãozinho preso a um poste. E a comer, num guardanapo, um rico bolinho. A dois metros, uma pequena cadelinha, magra e suja, na ânsia da sua fome, olhava o mastigar feliz do seu companheiro. Os dois indiferentes aos passos das pessoas. Paramos a olhar o mastigar feliz e o olhar atento e faminto da cadelinha magra. O bolo acabou. A cadelinha magra foi. O cachorrinho preso esperou a dona. E nós fomos também.
Cenas iguais na nossa sociedade humana? Cenas semelhantes.
Não tenhas medo ou receio de repartir o teu pão. Se o teu irmão está doente, visita-o. Se tem fome — mata a sua fome.
Olha com atenção para o que te sobra: talvez o teu irmão esteja aflito. Há irmãos nossos que sofrem tantas carências. Para sem medo. É a hora do amor.
Padre Telmo