SINAIS
A senhora da Caritas, D. Maria José, pediu-me para levar as ajudas da Caritas ao Pe. Luís da Missão do Loquembo. Conheci o Pe. Luís — Belga — na sua paróquia do Loquembo, a quarenta kilómetros de uma linha de guerra entre a UNITA e o MPLA. Fugidos da guerra vinham refugiar-se e matar a fome na Missão do Pe. Luís.
Lá fui eu quatrocentos kilómetros com alegria.
Desta vez espreitei o quarto do Pe. Luís. Tinha-lhe dado uma cama de solteiro, com toda a roupa. E vi que dormia no chão, numa tenda de soldado.
Dava tudo aos refugiados que chegavam cansados e famintos.
Pe. Luís já morreu. Deixou-me o seu exemplo maravilhoso e profundo.
Um dia chamou-me para ver uma velhinha que tinha chegado com o seu neto… Estava deitada no chão, com suas faces sumidas, exausta e faminta. Ao ver-nos levantou-se a custo e foi com Pe. Luís para a residência.
Dali a meses, noutra ida, Pe. Luís chamou-me: — Venha ver a velhinha que vimos há meses. Fui e indicou-me uma menina linda de vinte anos.
— Como? Não acredito…
— Ela mesmo.
O que faz uma boa alimentação e o carinho! Como recordo este Padre e Santo… Falou-me um dia: — Nunca mais fui à Bélgica. A única vez que fui, riam-se da minha batina pobre.
E não voltou. Mas um dia veio visitá-lo um Governador, da Bélgica.
Aqui no Calvário tentamos ser a Missão do Loquembo, do Pe. Luís…
Padre Telmo