SINAIS
Um nosso rapaz — muito simples — de olhar inocente, perguntou-me: — O Menino Jesus nasce mesmo todos os anos?!
Expliquei que nasceu em Belém, foi pequenino e, agora, celebramos o aniversário do Seu nascimento. Ficou parado — a olhar-me — com o pensamento no Menino. Tive a impressão que o Menino Jesus lhe deu um beijo… E deu, com certeza! Como que sentimos a presença do Menino Jesus.
Era eu menino. No dia anterior ao Natal — em todos os Natais — eu via minha mãe a dar voltas pela casa e, depois, com o seu xaile a tapar embrulhos, ela saía em silêncio. Minhas irmãs faziam a ceia. E minha mãe chegava com ar cansado.
Cresci e percebi mais tarde as voltas de minha mãe antes do Natal. Ela visitava e levava a ceia a alguns pobres.
Na Missa do Natal, todo o povo — adultos e crianças — beijávamos o Menino Jesus com tanta emoção.
Numa grande parte das aldeias já não há crianças — ficou só o beijo dos velhinhos…
— Espera só — meu Menino Jesus! Talvez as crianças voltem.
Depois da nossa ceia, antes de deitar, púnhamos os nossos sapatinhos vazios, nos murinhos da lareira. De manhã — íamos a correr. Os sapatinhos estavam cheios de nozes e amêndoas…
Natais felizes, nas nossas aldeias trasmontanas!
Padre Telmo