SINAIS

Quando terminei a teologia fui nomeado pároco de Vilar Seco e de Genísio, Concelho de Miranda do Douro. Minha irmã Celeste foi comigo.

Meu pai deu-me o seu cavalo, Rocha. Médicos e párocos andavam ainda a cavalo.

O Rocha afeiçoou-se a mim de tal forma que não precisava de rédea para me seguir.

Na primeira viagem e no cimo de uma encosta todos descemos das montadas para quentar os pés. Os colegas padres mais velhos agarrados às rédeas dos seus cavalos. Eu com as mãos nos bolsos.

— Olha o cavalo que te foge.

— Não, ele é amigo, não me deixa.

Todos sorriram, segurando com as mãos as rédeas dos animais. Eu continuava com as mãos nos bolsos.

Não me deixou. Foi ter comigo ao fundo da encosta, quando os colegas subiam para os seus cavalos.

— Este caloiro é mesmo tonto, falou o Padre António.

Todos sorriram e admiraram o gesto amoroso do meu Rocha.

Os padres são ricos! Era o dito nas aldeias…

Minha mãe ia de vez em quando com as suas sacolas… tinha medo que passássemos fome…

A sua presença era sempre uma festa e ela matava a sede dos seus amores.

Padre Telmo