VINDE VER!
Uma Luz brilhou
Celebramos o nascimento do Menino Jesus! "Deus visitou o seu povo". Grande foi a expectativa da sua vinda. Os rapazes foram chamados a fazer uma séria preparação, para receber dignamente o Salvador, que, enfim, veio habitar no meio de todos os homens e mulheres de toda Terra. Quatro semanas de caminhada de conversão, uma coroa do advento, quatro velas para marcar cada semana, constituíram os sinais visíveis da preparação para o Santo Natal do Senhor. Veio o padre confessor para o banho e renovamento espiritual. O presépio que era feito só no interior do refeitório teve a sua expansão pelas salas das nossas casas. Sobre a custódia dos chefes cada comunidade montou o seu próprio presépio. Os rapazes descobriram no campo do capim elefante bastante argila, que serviu para os artistas moldarem o barro e de lá saíram as imagens do presépio. E depois de secos foram pintados para o arranjo final. Em tudo uma verdadeira festa vivida em família alargada. É hora do soar dos sinos! É regresso a Belém, corramos pressurosos na companhia dos pastores! Vamos adorar o nosso Deus. "Os anjos cantaram glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados". Na base do nosso Cruzeiro foi feito um outro presépio, pela primeira vez, para que os visitantes pudessem apreciar e se recordarem que só é Natal porque nasceu Jesus Cristo. E não porque aparece o pai Natal, as prendas, o cozido, as bebidas, e todo o movimento enfeitado de compra e venda de produtos. O lado mercantilista do Natal está a roubar a essência da festa — o sentido espiritual. Cada vez cresce mais a ânsia de ter no coração humano, que não se contenta com o pouco. Também entre nós alguns rapazes já não se contentam com as prendas que recebem. O «Eduane» partiu o brinquedo que recebeu por ver outro irmão receber um maior que o seu. Quando crescer vai aprender a arranjar as suas próprias coisas e sentir o quanto custa por arranjar. Outros não disseram nem fizeram espectáculo, mas o rosto comunica sem fingimento. O que recebemos das ofertas que nos chegam é o que damos ao rapaz com alegria. Não há outra fonte. E se as estruturas físicas que compõem as nossas aldeias, os dormitórios bem arranjados, os jardins, os campos, a vacaria, a escola, as oficinas, as máquinas e os transportes iludem algumas mentes com a falsa ideia de que a Casa do Gaiato é rica, é apenas uma ilusão. Uma falsidade. Somos pobres. Acolhemos os pobres. Vivemos pobres com os pobres. A única riqueza é a criança abandonada, sem pão e sem amor, que encontra na Casa do Gaiato o seu lar familiar. Uma luz brilhou para os homens, mas as trevas densas da falta de solidariedade, de fraternidade, de perdão e de justiça apresentam a sua resistência querendo ofuscar o brilho da estrela de Belém.