VINDE VER!
O trabalho
Escrevo estas notas numa data especial, por dois motivos. O primeiro, é de ordem litúrgica — São José Operário. O segundo, é de ordem social - Dia Internacional do Trabalhador. Deus concedeu o cuidado da família de Nazaré a um homem dedicado ao trabalho. E quando pela terra aconteceu a visita do Verbo Encarnado, que veio habitar no meio dos homens e fazer a experiência da trajectória humana, foi chamado o filho do carpinteiro em alusão a São José. Quando chamou os seus seguidores, foi logo ao encontro dos que andavam a trabalhar. Aos que tendo coragem de lançar as redes ganhavam o seu pão com honestidade. Anos mais tarde, São Paulo advertia a comunidade: "Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazer trabalho algum". E em seguida veio a norma Paulina: quem não quer trabalhar também não tem direito de comer. E como evitar esta situação?, continua o Apóstolo dos Gentios: Que cada um trabalhe para comer o seu pão em paz. Em todas as sociedades o trabalho aparece como a fonte mais digna de garantia para muitos bens. O mandato vem desde os nossos primeiros pais: "comerás o pão como fruto do suor do teu rosto".
Em tempo de crise o trabalhador é dos primeiros a ser afectado. A sua família e a sua comunidade sentem directamente os efeitos dolorosos desta fase. Redução dos subsídios ou mesmo a sua anulação em muitos dos casos. Despedimentos ou salários em atraso. Os jovens à procura do primeiro emprego, rodam a cidade em vão. Fica na esperança e na intenção. Até qualquer dia! Empresas a fechar por falta de capital. Enfim, inúmeras situações difíceis de controlar. Vivemos debaixo desta nuvem densa que teima em não deixar o sol brilhar com toda a sua intensidade, indicando rotas novas com a sua luminosidade. A educação das novas gerações processa-se neste ambiente de carência, as greves e manifestações de descontentamento do povo são constantes. Assistiu-se, em pleno Dia do Trabalhador, numa cidade perto da nossa, os funcionários de diversas áreas a manifestarem-se vestidos de preto e hasteando bandeiras da mesma cor. O trabalho é um bem e deve garantir o bem-estar e a satisfação das necessidades da vida dos seus fazedores.
A Casa do Gaiato, desde o seu nascimento, é uma casa de educação ao trabalho. Desde os primeiros dias, depois da entrada do rapaz na aldeia, é-lhe atribuída uma tarefa. A chamada obrigação, que é diária. Horas para estudar e horas para realizar tarefas práticas, nos mais diversos sectores da vida de Casa. E, se há alguma pérola de grande valor, que um rapaz pode levar consigo como uma verdadeira herança, é precisamente o trabalho. E mais do que o trabalho — o amor ao trabalho acima de tudo. O trabalho humilde, conforme as capacidades de cada um, ou do quinto andar exigem a sua realização com profissionalismo, ética e humanismo. E quem no seu curriculum vitae não os levar, dificilmente conseguirá aguentar o peso das responsabilidades atribuídas. E nisto mostramos o caminho, prevenimos o rapaz e indicamos a conduta digna para que possa assegurar o seu posto. A conclusão é de Pai Américo: "A ociosidade é a mãe de todos os vícios; o trabalho é o pai de todas as virtudes".
Padre Quim